NÃO ESTRANHO, hoje em dia, depois de muito matutar por alguns anos, quando falo para adolescentes sobre a prática das boas ações em busca de uma boa vida, trilhar os caminhos do bom comportamento, alcançar momento de felicidade (sensação light da existência), e estes adolescentes parecem não se interessarem por isto.
Tempos atrás, quando tentava convencê-los destes caminhos sentia-se angustiado, o que falasse parecia não dizer nada. Era como “falar com as pedras”. Lembrava-me daquele provérbio português: “Entra-lhe por um ouvido e sai pelo outro”.
As experiências da vida vão dando mais condições para não “perder a cabeça” com pouca coisa. Aprende-se no dia a dia, nos dissabores do momento. Aprende-se, também, com nossos ancestrais. Como professor, tenho o dever de ensinar; mas antes tenho, ainda mais, o dever de aprender.
Pois então, dois ancestrais ajudaram-me no conhecimento de algumas estratégias sobre as condições do caminhar (pela vida), observando as boas ações. Estou falando de Platão e Aristóteles, fiz pouquíssimas leituras sobre suas obras. Todavia, o que li é possível aplicar algumas delas na minha profissão, outras acho que não encaixam muito bem, por vários motivos. Destaco aqui uma dica interessante, não aplicável na minha profissão, visto que a idade dos meus alunos estão entre, um pouco mais ou um pouco menos, 15-20 anos.
Estes filósofos só ensinavam a seus alunos sobre “ética” e “felicidade” quando estes já tinham 30 anos. Julgavam que seus alunos deveriam ter maturidade suficiente para entender o conceito, pois haviam adquiridos experiências suficientes. Ou seja, até antes desta idade os alunos não deveriam ter o contato teórico mais profundo sobre isto. Logo, para os dois filósofos, a experiência de vida é pré-requisito, condição CINE QUA NUM, para que possam absorver as informações conceituais.
Em seus escritos afirmavam que a juventude é afoita, faminta e estabanada por saber ou, muitas vezes, indolente. Portanto, os jovens não estariam preparados para entender a coragem, a justiça e a prudência sem uma formação teórica adequada e um leque maior de experiência.
Posto isto, ficará mais fácil enfrentar, sem “entrar em parafuso”, a sensação de menosprezo quando você for falar sobre o bom caminho para os adolescentes e eles nem tchuiu pra você.