
Já passamos de um ano da presença da covid-19 no Brasil, 26 de fevereiro de 2020 foi detectado o primeiro caso em São Paulo. Contudo, há estudos liberado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) que confirmam a presença do vírus 20 dias antes de ser detectado; ou seja, o vírus esteve presente em plena festa de carnaval. De lá para cá os números de infectados e mortes só aumentam, vejamos: no momento que escrevo os dados estão assim apresentados no Brasil, os casos chegam aos 11.051.665, com 9.826.292 de recuperados, e um total de 266.398 mortos. O que se tem até o momento no mundo (dados globais) é que o número de casos chega a 117.164.167, destes são recuperados 66.375.679, e o número de mortes chegam a 2.600.504. Como vimos, no Brasil passamos dos 250 mil mortos, com mais de 10 milhões de casos de covid-19.
Diante destes dados, como é possível alguém não levar em conta o uso das medidas profiláticas? Que tipo de pessoa induz medicamentos que não têm efeitos, cientificamente comprovados, no combate ao vírus (certos medicamentos podem até provocar reações adversas perigosa)? O que tem na mente da pessoa (talvez as eleições de 2022) que concede maior atenção ao pleno funcionamento do comércio (ainda que este comércio não seja considerado essencial) em plena alta de infecções? A asneira desse governo é tão grande que, ao sabotar o combate ao vírus sabota-se a economia do país, pois quanto mais o vírus se espalha, mais será necessária medida drástica para conter o avanço da Covid e evitar uma calamidade pública na economia e no emprego.
O governador da Bahia, Rui Costa (PT), chorou em uma entrevista dada no dia 1° de março ao falar sobre a pandemia. Emocionado ele fez duras críticas as negligências do governo federal e as pessoas que não estavam seguindo as normas de restrições e medidas profiláticas. A batalha entre governadores e o presidente da república sobre as necessidades restritivas ou não do comércio ocorre no campo onde há aumento de mortes nos últimos dias. Enquanto os casos de infecção da covid-19 crescem devido à crise sanitária promovida pelo próprio presidente ao negligenciar a pandemia, com ausência de políticas públicas de saúde, promovendo constante sabotagem (muitas das quais com viés eleitoreiros e ideológicos), recusando o uso de certas vacinas, por exemplo, a do seu antigo apoiador João Doria.
Convém deixar claro, ultimamente os números de vítimas vêm crescendo assustadoramente, batendo-se recorde diários, e isto está ligado ao descaso como o governo federal vem tratando da problemática. No dia 07 de janeiro o governador de São Paulo anunciou que fez um envio à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) do pedido para uso emergencial da CoronaVac (vacina que o Instituto Butantan produzira com a farmacêutica Sinovac, da China), daí em diante Bolsonaro vem boicotando a vacina CoronaVac através de pronunciamentos realizados por ele e por Pazuello, Ministro da Saúde; vale lembrar que meses antes, em junho de 2020, quando o Butantan apresentava um acordo com a fabricante chinesa da vacina Sinovac, os apoiadores de Bolsonaro nas redes sociais pediam para que ninguém usasse a tal vacina.
Outro imbróglio foi com a CoronaVac na qual o governo federal vem boicotando, a Pfizer ofertou (em 15 agosto de 2020) ao Brasil 70 milhões de doses de sua vacina, todavia, a oferta foi recusada. A demais, a presidente da Fiocruz (que está produzindo a vacina da Oxford), Nísia Trindade, estava na mira dos bolsonarista, posto que a Fiocruz tinha publicado estudos afirmando a inutilidade do uso da cloroquina contra a covid-19. Já se sabe que as doses da vacina Covax, do programa pela Organização Mundial da Saúde (OMS) ligado a entidades filantrópicas, não tem data para chegar ao Brasil, por vários motivos burocráticos ou não. Contudo, Pazuello disse que pelo lado do Brasil tudo está sob controle com relação as documentações necessárias para adquirir a vacina. De mal a pior o país vem caminhando para uma possível calamidade, já é visto como uma nação perigosa para o mundo, é uma espécie de portador do vírus.
As negligências como as que Jair Bolsonaro vem tratando a crise da pandemia – basta lembrar o que ocorreu em Manaus, fruto da irresponsabilidade política genocida do presidente, os opositores já dizem ser o governo da morte – já causam medo no próprio ministro Pazuello que já procura o Congresso em busca de ajuda. Governadores estão, urgentemente, em busca de acordos fora das vias federais, eles já consideram o presidente um sabotador, e organizam-se para adotarem estratégias de combate ao avanço das infecções assim como uma partilha das unidades de UTIS entre os estados, embora nos últimos dias boa parte das UTIS estão lotadas.
Nada vem por acaso, a crise teve seu início e tudo começou com a forma negacionista do então Jair Messias Bolsonaro, presidente da república. Lembremos os fatos:
— 9 de março 2020 (20 casos confirmados no Brasil): “Tem a questão do coronavírus que no meu entender tá sendo superdimensionado o poder destruidor desse vírus;
— 19 de março 2020 (291 casos, com 1 morte): “esse vírus, trouxe um certo histeria, têm alguns governadores, no meu entender, eu possa até tá errado, tão tomando medidas que vão prejudicar e muito nossa economia”;
— 20 de março de 2020 (904 casos, com 11 mortes registradas) “Depois da facada, não vai ser uma gripezinha que vai me derrubar, tá ok?”;
— 24 de março de 2020 (2.201 casos, com 46 mortes): “No meu caso particular, pelo meu histórico de atleta, caso fosse contaminado pelo vírus, não precisaria me preocupar, nada sentiria ou seria, quando muito, acometido de uma gripezinha ou resfriadinho, como bem disse aquele conhecido médico, daquela conhecida televisão (em pronunciamento nacional em rádio e TV);
— 29 de março de 2020 (4.256 casos, com 136 mortes): “Essa é uma realidade, o vírus tá aí. Vamos ter que enfrentá-lo. Mas entrar como homem, porra, não como um moleque” (…). Todos nós iremos morrer um dia”;
— 12 de abril de 2020 (22.169 casos, com 1.223 mortes): “Parece que está começando a ir embora essa questão do vírus, mas está chegando (…) a questão do desemprego”;
— 20 de abril de 2020 (40.581 casos, com 2.575 mortes): “(..) eu não sou coveiro”;
— 28 de abril de 2020 (71.886 casos, com 5.017 mortes): “(…) lamento, quer que faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagres”.
— 7 de maio de 2020 (ainda com números crescentes de mortes): “Estou cometendo um crime. Vou fazer um churrasco no sábado aqui em casa. Vamos bater um papo, quem sabe uma ‘peladinha’, alguns ministros, alguns servidores mais humildes que estão do meu lado”.
Arre!!! Tem muita frase. Permita-me postar um link com outras tantas atrocidades ditas pelo, acredite!, presidente. É só clicar aqui.
Mas não ficou por aí, na terça (onde o registro de mortes pela covid foi de 1.726, ocorrido em 24h, um recorde) o então presidente promoveu festança (no Palácio da Alvorada), um baile sem máscara, onde a degustação rolava solta – destaque para o leitão assado, feijão troupeiro e muita linguiça para o povo. A festa estava tão boa que todos esqueceram o recorde de mortes, assim como o número de vítimas da covid no país (mais de 255 mil). As más línguas disseram que o deputado Fábio Ramalho (MDB-MG) afirmou, ao olhar as condições físicas e psicológicas do presidente naquela festa de arromba, que o presidente estava “alegre e descontraído”.
Pois é… isto não é um conto de terror de Edgar Allan Poe, nem o filme de Alfred Hitchcock, nem ainda, a festa de arromba de Erasmo, e sim, políticos e chefe de estado que festejavam ante ao momento de luto e reflexão. O negacionista das máscaras e das vacinas, apoiador da cloroquina e da ivermectina (ambos medicamentos cientificamente inapropriados para combater o coronavírus, no caso da cloroquina os efeitos podem ser perigosos), o então presidente Jair Messias Bolsonaro, amigo do prefeito de Itajaí (SC) (lembra-se dele?), aquele que propôs, para combater a covid-19, devia-se usar ozônio (com licença da palavra) no cu. E tem mais, no dia 04 de março o Messias disse que um spray nasal EXO-CD24 produzido em Israel seria eficaz para combater a covid-19, sendo que o material ainda está em testes. Creio que se ele tivesse agilizado na compra e distribuição das vacinas, já evitaria ter que esperar o tal spray enquanto recordes de mortes diárias vêm ocorrendo. O cômico de tudo isso, se não fosse trágico, foram as fotos da comitiva antes de sair para Israel e ao chegar em Israel. No país da Casa do pai Jair (que se destaca mais do que a Casa da mãe Joana), nenhum deles usavam máscaras, já no outro país, todos estavam com as máscaras no devido lugar.

No início deste mês um pneumologista da Fiocruz alertou que março será um mês triste. Várias cidades estão com leitos de enfermaria e UTI lotados. O Brasil é destaque no mundo em mau gerenciamento da pandemia. No ano passado uma pesquisa apontava os dois piores países (EUA e Brasil) com maus exemplos de comportamento frente a pandemia. Desde o ano passado que o Brasil perde apenas para os Estados Unidos em número de mortes.
Na semana passada ouvi em uma rádio um certo ouvinte perguntando (através da escrita de texto no WhatsApp) ao reporte do jornal: “por que a Globo só mostra os números de mortes, e não mostra os números de recuperados?” Pelo que entendi, e observando bem a maneira como o reporte leu, dando certa ênfase a pergunta, deu para perceber que o ouvinte era um apoiador do governo. Eu já ouvi uma pergunta como essa de um bolsonarista. Cabe aqui algumas observações. Quando a pessoa faz essa pergunta é porque sabe que o número de recuperados é maior do que o de mortes. Contudo, e isto não justifica que no Brasil está tudo bem, se há um grande número de recuperados é porque há muitas infecções, e, consequentemente, há muitas mortes. O estrago é mais visível quando você compara com outros países que seguiram à risca as medidas profiláticas.
O planalto virou um bordel a céu aberto. Desculpe-me as senhoras e senhores trabalhadores do sexo. Mas putaria mesmo ocorre no Planalto. É de lá que eles dão linguiça para o povo e tomam caviar enquanto você é a piada deles. São alguns desaviados (ou melhor, avisados) que o sustenta. Estes são controlados por parcela das mídias (televisiva ou não) e um punhado de empresário que está faturando com todas as polêmicas de crimes que o presidente vem cometendo no cargo. Vocês do planalto podem até enganar a sua boiada, mas não enganam ao vírus, A CONTA DO NEGACIONISMO DA COVID-19 CHEGOU! E o pior, quem paga a maior parcela são os familiares que perderam seus entes queridos.