Assim foram-se os nossos segundos, minutos, horas, dias, meses e anos… Assim, e aos poucos, somos consumidos pela passagem, inexorável, do tempo. O que ficou desaparecerá com a longevidade do tempo. O que passou, logo será mera lembrança, sem sentimento, e que desaparecerá. Só nos resta seguir em frente, pois é assim que flui o instante, sempre em frente, momento a cada momento. Nada de voltar ou se prender no passado ou futuro. Assim também seria interessante pensarmos, acho eu.
Devemos sempre estar seguindo a fluidez do tempo. Deste modo, viver o precioso momento no instante exato de sua existência. Devemos buscar a primazia da existência humana, as suas incertezas e finitude. Sentir a sua real condição. Sem máscaras. Sem disfarces. Aceitar as incertezas das coisas é abrir-se para o momento presente, tão rejeitado por nós. Normalmente ficamos presos no passado ou no futuro. Nossa felicidade fica presa a uma esperança do amanhã que nuca chega ou a um passado que já se foi, e que muitas vezes deixamos de vivenciá-la. Talvez seja por isso que ficam nas lembranças aqueles dias nos quais vem aquela nostalgia: “eu era feliz e não sabia”. Ora vivendo no amanhã, ora vivendo em nostalgia.
Não vou aqui desejar a felicidade para o próximo ano, já que minha intenção é vivenciá-la agora em toda sua plenitude (sem disfarces e sem medos). Como enfatizou Paulo Coelho em uma de suas mensagens “Quem vive o dia de hoje com medo do amanhã, não vive nem o hoje, e nem o amanhã, Mas quem se entrega ao presente, vê a Eternidade em cada segundo”.
Portanto, feliz o dia de hoje, e que venha, quando bem entender, o dia de amanhã. Que este venha, se é que estarei aqui para senti-la, com todos os seus sabores e dissabores. Nua e crua. Como afirma Machado de Assis: “Isto é a vida; não há planger, nem imprecar, mas aceitar as coisas integralmente, com seus ônus e percalços, glórias e desdouros, e ir por diante. (Teoria do medalhão,1882. In: Papéis avulsos).
É desta maneira que tento viver o presente. É neste pensamento que as sensações de medo se ampliam e se encolhem. Todavia, a sensação de estar vivendo o presente, mesmo que provoque medo, é algo extremamente sutil e reconfortante. Sentir o tempo se esgotando, percebendo a decrepitude todos os dias bater à sua porta através do entardecer, da folha secando, do por do sol, de alguém que se foi, do momento que já não existe mais, é viver em sabedoria. Segundo dizem os grandes mestres.
Logo, o que desejo para este momento é aprender que o agora se faz mais importante do que o que vem mais adiante, pois este poderá não vir da maneira como meu ego o criou.
Deste modo, feliz o dia de hoje pra todos. Felizes sejam os instantes que irão embora, pois da ida destes nascerão outros que, talvez, estarei aqui para vivenciá-los.