No ocidente temos as orientações morais a serem seguidas por quem vive em sociedade. No oriente, por exemplo, na Índia, mais especificamente os praticantes de yoga têm os códigos morais chamados de Yamas e Niyamas.

Os Yamas podem ser interpretados como orientações morais (disciplinas). Os yamas postulam regras de bom convívio em sociedade e consigo mesmo. As cincos orientações são: ahimsa, ou não-violência; satya, ou verdade; asteya, ou não roubar; brahmacharya; aparigraha, ou não cobiçar. 
Os Niyamas correspondem à autodisciplina, ou seja, são orientações de conduta e de disciplinas individuais, cujas orientações são: saucha, ou pureza; samtosha, ou contentamento; tapas, ou austeridade; svadhyaya, ou estudo de si mesmo; ishvara pranidhana.
Dentre estas regras de conduta e disciplina destaco aqui o SVADHYAYA (estudo de si mesmo) do Niyama, como ponto de estudo. A dificuldade que se percebe no cumprimento desse código de regra é a maneira como vemos o mundo. Acredito que para que possamos fazer estudos de nós mesmo deverá haver um padrão de análise baseado em uma forma referencial. Essa base escolhida por mim esta ligado aos padrões de um ser considerado consciente de si e de suas ações no mundo.
Este autoconhecimento não está ligado somente à visão religiosa (estudos das escrituras), mas a uma visão experiencial. Assim, é necessário tanto a parte do conhecimento em si, da metafísica de nós mesmo, como também da ação prática desses conhecimentos.
Ao me analisar, situando minha consciência as minhas práticas no momento presente, descubro que quase nunca, ou muito pouco, foi perceptível em mim uma visão aguçada. Aprofundar-me na minha essência e descobrir um ponto singular em mim, assim como um ponto de conexão com o meio onde vivo, por exemplo, a natureza, as pessoas, o globo, não foi lá das mais fáceis. Em alguns momentos minha percepção direcionou-se a singularidade e incertezas da vida humana.

Sempre que saia de casa olhava para minha mãe, de relance, é claro, pois ela poderia desconfiar e perguntar o porquê da observação mais apurada (ou demorada), vinha em minha mente o quanto somos frágeis. Sair naquele momento de casa para ir ao trabalho era algo que me deixava desconcertante, pois poderia nunca mais ver minha mãe novamente, ou algo aconteceria comigo ou com ela, e esse algo seria a morte. Ter consciência desse fenômeno da natureza e aprender a conviver com ele não é tão fácil.
A consciência de si mesmo, das falhas, das incertezas das coisas, da incerteza do que realmente somos enquanto ser pensante. A consciência desses fatos produz na minha pessoa, e acho que na mente de muitos que pensa assim, os medos. Estes medos, muitos dos quais inconscientemente ocultados, são responsáveis por muitas teorias, muitas explicações sobre a vida e a morte. O medo do “fim” é a causa de muitos absurdos dogmáticos. 
Temos medo desse fenômeno, e por ter medo tentamos construir teorias (base utopicamente sólidas) mentais e torná-las reais para que possamos usar e como refugio. A necessidade de segurança ao mesmo tempo em que nos ajuda, nos engana. Essa falsa segurança, apesar de encantadoramente agradável, é um obstáculo ao pensamento metafísico (o pensamento mais profundo de nossa existência). Pensar como pensam os budistas (não os budistas dogmáticos), em que não há um porto seguro que possamos ancorar o nosso navio, é entrar na essência humana, no vácuo da vida.
É esse pensamento que algum tempo se dispõe entrar na minha consciência, e quando percebo “tomo um susto” e empurro de volta para parte mais oculta de minha mente. Neste momento volto as minhas utopias “reais”, volto para o conforto das mascaras da vida. Deixo perder a oportunidade de entrar na minha essência humana, de ver minhas falhas e meu processo finito de vida. Perco-me no mundo das fantasias em busca de mais palcos para minhas representações teatrais. Esqueço que, um dia, as cortinas irão fechar e a peça teatral se dar por encerrada.

Mas para não cair no desespero, e talvez, utilizar o recurso das utopias (agora uma utopia mais consciente) fico aqui com uma frase de Mahatma Gandhi:

Qualquer coisa que você faça será insignificante, mas é muito importante que você faça”.